quinta-feira, 13 de agosto de 2015

O Nicholas Sparks está nas Avencas sob a forma de duas velhinhas

Às tantas ele pergunta-lhe o nome. Ela encolhe os ombros. Dirige-lhe a mesma pergunta e ele devolve o gesto. Ficam ambos em silêncio. Não interessa. Sugere que daí a uma semana se encontrem num jardim de Paris. 18h00. Ela aceita sem dúvidas. Despedem-se com um abraço demorado. A cena seguinte mostra-a com a mãe. Está com dúvidas. Não sabe se deve ir viver com o namorado para Nova York. É um enorme passo e não tem a certeza. Precisa de pensar. Apanha o comboio que a leva até Paris. É sexta-feira e ela sorri. Ouvem-se os passos apressados dele na garagem. Desata o nó da gravata e olha para o relógio dentro do carro que acabou de ligar.  São quase seis horas. Horas depois vê-se o seu corpo numa cama de hospital. Toma consciência de que não saiu da garagem e que algo de grave lhe aconteceu. Falam-lhe do que já esperava. Desmaio, enfarte, stress, uma vida que tem de mudar. Já não são seis horas e ele pensa nisso. Não sabe nada dela. Nome, idade, morada... Absolutamente nada. As vidas seguem. Ela vai viver com o namorado, como ele queria. Esperou naquele jardim muito tempo. O tempo que precisava para tomar uma decisão. Ele mudou-se para uma cidade pequena ali perto da vida que já não convinha viver. Passaram dois, três, quatro anos. Não se percebe. Ele é contabilista num escritório no centro da cidade. Um dia entra-lhe pela porta uma mulher. Tudo normal não fosse o seu semblante triste. Na verdade, está preocupada. O seu negócio está a correr mal e não sabe o que fazer. Ele começa a ajudá-la. O antiquário de que é proprietária tem de fechar. Simplesmente não permite rentabilidade e apenas faz com que Sarah se afunde mais. Ele trata de tudo e acaba por a convidar para jantar. Sarah é doce e terna. Rapidamente, cresce algo entre os dois. Ele está sozinho há demasiado tempo e Sarah preenche perfeitamente as feridas do seu coração magoado. Conhece a sua família, os seus amigos e mais um tempo passa. Assistimos ao pedido de casamento, às caras felizes de ambos e aos preparativos para o grande dia. Uma noite, ele entra e Sarah está no computador a falar com a irmã. Trata-se de Sophie que vive em Nova York. O Skype desliga-se mesmo no momento em que ele vislumbra o écran. Perdeu o ar e o sangue que lhe corre pelas veias parece ter simplesmente parado de correr. Parece ela! Não pode ser! Não tem como confirmar. Faz umas poucas perguntas a Sarah mas não sai da mesma dúvida. Faltam poucos dias para o casamento e não... Já não sabe nada. Na noite seguinte, liga o computador. Primeiro apaga todas as luzes e só depois estabelece a ligação. Do outro lado, Sophie aparece mas nada vê, nada ouve. Ele desliga. Não precisa de mais tempo. Tem a certeza de que é ela. A mulher por quem se apaixonou há anos atrás. A mulher que lhe tirou o sono, a tranquilidade e a esperança... E agora ali! Irmã da sua noiva, madrinha do seu casamento. 
Agora já o vemos no altar. Está sério e de olhar no chão. Não quer olhar para trás. Ainda não. Sabe que Sophie virá mais tarde mas ainda não sabe o que fazer. Ouve-se o sim, os festejos e todos pensam que é um momento perfeito. Até há poucos dias, seria mesmo. Vão entrar no salão onde é suposto partilhar toda essa felicidade com os familiares e amigos até que ouve o que mais temia. Querida irmã, deixa-me, de uma vez por todas, apresentar-te o meu marido. 
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E as velhas levantam-se para ir à água. Vou-me embora da praia. 

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